17 julho 2006

De «O Fim da Pobreza», de Jeffrey Sachs

O autor de “O Fim da Pobreza - como consegui-lo numa geração”, Jeffrey Sachs, conta como a sua vida mudou quando recebeu um convite para trabalhar sobre o caos da hiperinflação boliviana dos anos 80. A esse propósito, narra que no primeiro ano em que foi professor, Jeffrey tinha como aluno David Blanco que tinha sido ministro das Finanças da Bolívia nos anos 70. O ex-ministro justificava-se «dizendo que estava a estudar para tentar entender exactamente o que tinha feito durante o seu mandato!» (pág. 150)
Quando o autor foi apresentar a Lech Walesa, em Gdansk, o seu plano de transição de uma economia socialista para uma economia capitalista, o autor conta a sua perplexidade face à insistência com que Walesa repetia a ideia de que não estava interessado em planos abstractos, mas queria saber se era possível instalar bancos estrangeiros em Gdansk. Até tinham lá «bons edifícios», só faltavam os bancos…
Para além destas situações caricatas, há outras, descritas por Jeffrey, que impressionam pelo seu quê de improvisação na resolução de assuntos que porventura se suporia mais atempados, ponderados e decididos com outro processo administrativo, portanto, burocrático. No plano do autor de combate à inflação constava a criação de um fundo social de emergência, para fazer face ao desemprego e ao apoio face à pobreza extrema. Conta, então, que pegou no telefone e ligou para o Banco Mundial, falou com Katherine Marshall, «a responsável pela equipa da Bolívia no banco», que respondeu imediatamente e assim, diz, num «breve período fomos capazes de criar o fundo social de emergência com o apoio do banco». (pág. 167) se estes apoios funcionassem sempre assim, com um simples telefonema…