14 janeiro 2008

A quem estão entregues os trabalhadores

O comissário europeu do Emprego e dos Assuntos Sociais, Vladimir Spidla, terá dito: “O progresso económico deve acompanhar o progresso social. É por isto que, por princípio, seria bom que os salários reais aumentassem”. Ora, se isto não é a defesa clara dos novos aumentos salariais que os sindicatos reivindicam, é pelo menos uma posição desconcertante de um político do topo da hierarquia europeia. Se esta posição ganhasse foros de princípio, substituíam-se os sindicatos pela Comissão Europeia e os trabalhadores poderia afirmar que finalmente tinham um governo seu sem terem mexido uma palha.
Em contrapartida, cá pelas esquinas do burgo português, o presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Afonso Diz, considerou que o melhor era votar Cadilhe para o BCP. Este sindicalista parece representar-se a si e a um grupo de pequenos accionistas que inclui o próprio Sindicato, o que parece esquisito, mas não é. Sê-lo-ia se um presidente destes deixasse em mãos alheias a defesa dos seus interesses. Mas como este Sindicato tem esta originalidade de possuir um presidente que é accionista e defensor do que é seu e dos outros, não se percebe o que ele não possa defender como sindicalista. O problema estará se por acaso tiver de representar algum trabalhador contra o seu banco. Nessa altura, contrata outro sindicato em regime de empreitada para defender os que ele não poderá defender por ser mais patrão do que trabalhador. Não poderá?