28 novembro 2007

Durão Barroso para Nobel?

É natural que o actual presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, ele próprio um prémio Nobel, queira reconhecer o contributo dos portugueses para a independência do seu país e que expresse esse desejo de forma personalizada. Poderia ter indicado Guterres, Jorge Sampaio, como também Durão Barroso. Só que este último pode ser mais facilmente «nobelizável» pelo peso que tem nas actuais estruturas da União europeia, com a qual Timor-Leste quererá contar como parceiro político e económico, mas é também este último que carrega um fardo que ninguém lhe pode tirar, que é radicalmente contraditório pelo menos com o espírito de um Prémio Nobel da Paz, e que consiste no seu envolvimento pessoal na preparação, primeiro, e na decisão, depois, de alguns países que iniciarem uma guerra contra o Iraque e o invadiram. A contradição está em ganhar um prémio Novel dedicado à Paz depois de ser um incitador da guerra! O único argumento que poderia suster esta nomeação seria o de que «a paz conquista-se com a guerra», a que se opõe o argumento de que uma guerra iníqua, assente na mentira, na vingança, no desejo de uma superpotência impor a sua vontade ao mundo, impor a nível internacional uma ordem que lhe seja adequada, numa espécie de visão mítica e utópica duma administração tomada de assalto por fundamentalistas religiosos e ideólogos ressabiados, um tal argumento só pode se defendido por uma espécie de nova União Soviética vestida, não de vermelho, mas de um branco alvo de fazer estremecer a alvura do céu. Durão Barroso foi um desses anjos da morte vestidos de branco. Que lhe dêem uma coroa de Nobel só mostra o ridículo da distribuição destes prémios. Ao menos entreguem-no ao anjo mor da camarilha da nova União: a Bush. E tutti quanti.