02 novembro 2007

Joaquim Fidalgo despede-se e Putin treina

Joaquim Fidalgo despede-se no ‘P’ de tal modo que mostra quanto a despedida o afectou. Se uma despedida provoca um tal toldar do raciocínio a ponto de ser capaz de escrever uma das piores crónicas que terá escrito neste jornal, mais valia ir-se embora e não dizer nada, até ser notada a sua falta.

Do outro lado da UE, do lado de onde nem a Turquia desata nem a Rússia ata, chegam notícias da conversão espantosa de Putin ao regime das liberdades, da democracia e dos direitos do homem. Ele terá dito que a repressão generalizada, sob as ordens de Estaline, foi "uma enorme tragédia pela sua dimensão colossal. Milhões de pessoas foram liquidadas, enviadas para campos de concentração, torturadas e executadas. Eram os que formavam as suas ideias e que não tinham medo de falar. Eram o melhor da nação". Como é que se faz para se passar por bom? Fazendo os outros passar por piores do que nós, e que por isso merecem mais atenção crítica do que alguém que até é capaz de denunciar os crimes dos outros. Nada que o presidente do império, Bush, não goste de fazer, mas democraticamente. No caso de Putin, ainda não se sabe exactamente os crimes que lhe são directamente imputáveis. Como é o presidente russo, ele tem muitos crimes, muitas violações de direitos, muitos golpes à democracia sobre as costas. Tantos que são incontáveis. Tal como ainda não há acordo sobre as mortes devidas a Estaline, que variam duns ínfimos quatro milhões a dezasseis ou vinte milhões de mortos. Quanto maior é este número, mais impressiona e reflecte a brutalidade. Só falta que os srs. historiadores resolvam o problema de forma mais decisiva. Pelo menos para que alguns jornalistas trabalhem com números mais sérios e aquele grau de variação seja tornado o mais pequeno possível.