13 novembro 2007

Ano Internacional do Planeta Sexy

Foi apresentado o Ano Internacional do Planeta Terra. O seu objectivo é «Promover o conhecimento sobre o potencial das ciências da terra, enfatizando o seu contributo na vida dos cidadãos e na salvaguarda do nosso planeta.» Eduardo de Mulder, director executivo deste ano internacional junto da Unesco-IUGS, sintetiza, diz a jornalista do ‘P’, tudo o que pretendem alcançar com a frase «É sexy estudar geologia.» Como se não bastasse um dirigente pensar assim, Maria Helena Henriques, Coordenadora do Comité Português para o ano Internacional do Planeta Terra, «não podia estar mais de acordo»: «É giro saber como funciona o planeta», e tudo isto «é sexy» porque… dá emprego!
Poder-se-ia pensar numa coisa que desse emprego e não fosse sexy? Pode-se pensar numa área de conhecimento que não tenha de ser apresentada como «gira» para ser atractiva? Pode-se pensar em conhecimento científico sem infantilizar a sua utilidade e interesse?
Não há muito tempo, um dirigente do CDS/PP advogava que o partido deveria tornar-se «mais sexy», confundindo publicidade com propaganda e mostrando quanto o seu partido atravessava uma fase complicada, para a qual a sexualidade deveria desempenhar algum papel relevante. É o que se vê.
Que gente envolvida em áreas do conhecimento necessite de envolver o seu «produto» numa capa muito pouco adequada, é motivo de preocupação, por um lado, e, por outro, mostra como a educação dos jovens, mesmo ao nível do conhecimento científico, é atropelada pelos princípios da pedagogia moderna assente na atractividade, na animação, no folclore, no «ser sexy». Se isto não é diminuir o nível do que é educar, se isto não é infantilizar quer o educador quer o educando, se isto não é o «eduquês» no seu melhor nível, então haverá que esperar grandes contributos educacionais de uma iniciativa como o Ano Internacional do Planeta Terra.