05 novembro 2006

Sobre a CSI

A nova Confederação Sindical Internacional (CSI) apresenta-se como uma espécie de contra poder ao poder da globalização. Ela quer mudar «de forma fundamental, a globalização para que esta seja benéfica para trabalhadores e trabalhadoras, desempregados e pobres». Reivindicando uma «governação efectiva e democrática da economia global» e a reforma «fundamental das organizações internacionais implicadas, particularmente do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio», a CSI adopta a postura do outro destas organizações, da organização que faz falta para contrapor àquelas uma orientação mais justa à economia, e às multinacionais «maior responsabilidade pelo impacto das suas operações na sociedade, no meio ambiente e nos direitos humanos». Todas estas intenções, não sendo nada de concretas, dão para tudo. Dão sobretudo para, apesar do posicionamento internacionalista da Confederação e da sua menção programática à «globalização capitalista desenfreada» e da sua afirmação da luta «para a emancipação dos trabalhadores e um mundo em que sejam assegurados a dignidade e os direitos de todos os seres humanos», escamotear o seu real papel: o da entidade mundial que negociará com as outras organizações mundiais a melhoria das condições dos trabalhadores no seio de um sistema que provoca a necessidade de reivindicar melhorias das condições de trabalho. Numa palavra, o sistema capitalista permanece intocável. Assim se percebe o agrado - em vez de fazer tremer essas altas instâncias decisórios da gestão do capitalismo - com que esta Confederação é recebida. É aquilo que se «podia pedir» diz Paulo Ferreira (Público, 2/11): a Confederação tem o ar de ser um «interlocutor válido».