01 novembro 2006

A greve de Coito Pita

O vice-presidente do PSD-Madeira (PSD-M), Coito Pita, declarou, na qualidade de deputado, a adesão do seu partido à greve de dois dias dos funcionários públicos convocada para a próxima semana. São várias as tropelias que este agente político comete:
1. Chama greve geral àquilo que é até agora e do conhecimento público uma greve dos funcionários públicos; portanto, se é «geral», é geral para a generalidade dos funcionários públicos; daqui inferir-se que é uma greve geral que até lhe permite «fechar o escritório» como prova pública da sua adesão à greve dos funcionários, vai um longo passo que o deputado não sabe dar porque desvirtua a realidade das coisas;
2. Ao colocar-se na posição de quem vai fazer greve, o sr. deputado pretende colocar-se na situação daqueles que lutam, através da greve, por melhorias dos seus direitos ou defesa do que já têm, como se em vez de pertencer à elite que controla o aparelho de Estado e que, portanto, ajuda a fixar o rendimento que é distribuído aos funcionários públicos, fosse mais um dos que se sentem lesados nos seus interesses;
na verdade, os seus interesses são lesados, mas a outro nível, que não ao da reivindicação salarial e outras minudências da função pública; as suas reivindicações são de outra ordem…;
3. Por outro lado, o deputado Coito Pita, enquanto deputado, não pode convocar greves, nenhum tipo de greves, pois, é suposto que o seu estatuto o coloque numa posição política que o impeça da tomada de posições conflituais deste género, como se fosse, para além de deputado, um desses sindicalistas que andam por aí a rebaterem todos os dias as decisões que o governo de Sócrates toma relativamente à função pública; o que é manifestamente uma incompatibilidade de interesses, de estatuto e de descaramento;
4. Afinal, o que o sr. Deputado faz mais não é do que sacudir a água do capote, endereçando uma suposta greve com a qual ele estaria de acordo e de que até era um participante activo, contra o governo de Sócrates, escondendo que o poder na Madeira está nas suas mãos e dos seus correligionários e que os madeirenses antes de poderem pedir contas à República, terão de pedir contas primeiro aos seus dirigentes regionais, isto é, ao governo de Alberto João e aos deputados do PSD, nos quais Coito Pita está incluído, com acrescidas responsabilidades ao nível de direcção e portanto de decisão.