28 outubro 2006

Sobre o caso do «plágio» de Miguel Sousa Tavares

José Manuel Fernandes anda zangado: «Neste país de cobardes sem rosto que intrigam pelas costas … isolar e extirpar esta pestilência» (Público, 27/10). Qual justiceiro indignado que descobre a injustiça do mundo, JMF aparenta perder a cabeça e querer fazer justiça com as suas próprias mãos, ou com a ajuda do «bom jornalismo-cidadão da blogosfera». Tudo isto é legítimo. No entanto, há que pôr uma questão: se é verdade que o modo como o autor do blogue Freendomtocopy actua é censurável e intolerável, como fica aquilo que ele diz: faz-se de conta que não existe, que nunca existiu? Ou deplora-se o modo e perante a questão, investiga-se e analisa-se?
Ora, JMF longe de resolver o assunto com as suas leituras, julga ter analisado a questão e até diz que há «coincidências», até diz mais, que «Seja lá como for, e mesmo podendo discutir se tais passagens são ou não muito parecidas…» Então, discuta, e não se esconda o facto pela torpeza do modo como ele foi levantado publicamente.
Quanto ao modo como Miguel Sousa Tavares reage, está à altura. Peito aberto, ferido na honra, está disposto não só a socorrer-se dos tribunais, o que é legítimo, como ainda a tirar desforro pessoal, o que não fica bem. Parece agir de cabeça desnorteada quando o que lhe era pedido era duas coisas: uma, contenção em vista do esclarecimento que poderia prestar, se é que achava que devia algum esclarecimento; outra, que reagisse como uma pessoa adulta em cidadania, fazendo o que tem de fazer no que respeita à resolução destes casos: tribunais, providências, advogados, etc., etc. Escusava, assim, de baixar-se ao nível dos que acusa como sendo autores da blasfémia contra si.