29 maio 2006

Um MIC para um milhão

Sabe-se como a quantidade de muita coisa afecta o discernimento das pessoas. Algo de semelhante está a passar-se com o MIC, o Movimento de Intervenção e Cidadania, de Manuel Alegre. O milhão de votos começa a pesar no Movimento, e antes que eles se vão embora, convém prendê-los e diferenciá-los com algumas normas e segundo alguma hierarquia, não se vá pensar que no MIC não se sabe distinguir os dirigentes nem diferenciar as bases. Sempre em nome do milhão! Assim, para os membros do Movimento estão previstos várias categorias, «fundadores, efectivos, de honra, cooperantes e participantes». Os estatutos do MIC também cuidam da sua preservação, prevendo sanções de suspensão de direitos ou exclusão. Quem já adivinhou o que se prepara com este MIC, foi Inês Pedrosa que terá confessado a sua pouca vocação para «hierarquias e clubes». A ideia de dar corpo, dar sentido a um episódio, de dar organização ao que foi efémero, é sempre uma tentação. Fazê-lo ainda copiando modelos de outra natureza como a partidária, é dar a mesma forma ao que os promotores quereriam diferente. Quereriam? Poderiam querer?