27 maio 2006

Quanto custa uma vice-presidência no PSD-Madeira?

Virgílo Pereira, vice-presidente da comissão política do PSD-Madeira cometeu a imprudência de discordar do dono do partido, Alberto João Jardim. Criticou os deputados do PSD à Assembleia Regional, por se comportaram de forma malcriada, como «autênticos garotos» ao proporem uma consulta psiquiátrica ao deputado do PS que tinha acusado de mafioso o sistema económico da região. Alberto João, evidenciando que estava por detrás, ou que, pelo menos, estava de acordo com a tão brilhante ideia de uma consulta psiquiátrica, exigiu a demissão de Vírgílio Pereira, que a negou. Em resposta, Alberto João manda instaurar um processo disciplinar e, logo de seguida, antecipa o congresso do PSD regional para poder afastar Virgílio Pereira da vice-presidência. Virgílio Pereira bem se pode queixar do autoritarismo» de Alberto João. Também pode lembrar que a «lei da rolha pode servir bem durante dezenas de anos, mas não será bem tratada pela história», aludindo à disciplina de ferro que Jardim impões aos seus correligionários de partido. E, no entanto, a dúvida que paira é a seguinte: o que é que esperava?! É que Virgílio Pereira não caiu de pára-quedas na Madeira, antes é um profundo conhecedor do tipo de política que Alberto João impôs no arquipélago, a prepotência democrática do quero, mando e posso, e se se deixou enredar nesta teia que o porá quase fora do PSD regional, deitando pela janela fora uma vice-presidência, que com Alberto João, de facto, não representava nada, mas que sem ele - tendo em conta que um dia o Chefe há-de reformar-se definitivamente - representaria muito, a responsabilidade é muito sua por ter trocado uma tomada de posição imediata sobre a garotice dos deputados do seu partido, por uma postura distanciada e paciente que lhe continuava a garantir o lugar da vice-presidência, sem ondas e até uma oportunidade. Assim, pouco calculista e envolvendo-se com o coração, Virgílio Pereira pode ter granjeado alguma simpatia pelo seu gesto nobre de crítica, mas excluiu-se de qualquer luta pelo poder dentro do PSD, nos próximos anos. Não se pode ter tudo ao mesmo tempo, sobretudo quando o Patrão tem o nome de Alberto João, que ainda permite que os seus inimigos o ataquem de fora do seu palácio, mas não admite que os seus mordomos não sejam obedientes.