21 abril 2006

Impressões

A propósito de nova trapalhada na votação da «lei da paridade», na Assembleia da República, lê-se que Paulo Portas terá dito, sobre a repetição da votação e, finalmente, da aprovação da lei: «Quando se perde, perde-se. Quando se ganha, ganha-se.» É previsível que tenha dito isto com o ar mais sério do mundo, como lhe é característico, tal como é admissível que o tenha dito com aquele ar de menino matreiro, o mesmo que o faz rir com ar de quem goza o prato na Assembleia da República, por qualquer graça que só ele sabe.

Cavaco Silva posa para os jornalistas fardado com um camuflado que traz a sua identificação no lado direito e, no esquerdo, a indicação de Chefe Supremo das Forças Armadas (Chefe Sup FA). A simbologia da farda é contagiosa. Bush anunciou a vitória dos norte-americanos e da sua coligação aterrando num porta-aviões (simulando que pilotava o avião) fardado como Comandante Supremo das Forças Armadas norte-americanas. Cavaco, de farda, limita-se às banalidades do costume, excepto que, para ele, os gastos militares não constituem uma despesa, mas um investimento, pois, as missões externas de tropas portuguesas facilitam a «negociação internacional que Portugal tem de fazer para defesa dos seus interesses».
Seria mais difícil responder se alguém, para ultrapassar as banalidades do costume, lhe perguntasse a que «interesses» estava a referir-se e se gostava de brincar aos soldadinhos.