09 abril 2006

Outro «herético»

Parece que anda a pegar a moda de ser «herético». Depois de Alegre declarar as suas «heresias», Vasco Pulido Valente escreve hoje a sua heresia, no Público. Tal como Alegre o está, V. P. V. também está convencido que comete uma «heresia» ao blasfemar contra a atitude antitabagista, politicamente correcta, do «sr. ministro da Saúde». Absolutamente chateado, V.P.V. diz uma série de enormidades com a displicência da sobranceria do iluminado que tem vergonha do seu asco relativamente à estupidez humana. Ele sabe que o ministro não compra uma guerra com a lei antitabágica, mas mais um entretenimento que alimentará os média. Ele sabe que se não é uma evidência «que o fumo passivo prejudica a saúde», não andará muito longe disso. Ele sabe que o «fumo passivo num bar ou num restaurante», não é uma «ocorrência por força rara, intermitente, e breve» que não «afecta ninguém», pelo contrário. Ele sabe que a luta contra o tabaco não «vem directamente do culto da saúde e da juventude», ou melhor, sabe que o cuidado com a saúde pode passar pelo abandono do hábito de fumar, mas finge não saber. V.P.V. prefere a invectiva contra fantasmas, contra o «espírito inquisitorial e o prazer de brutalizar o próximo por algum módico respeito pelo indivíduo», contra o «primeiro imbecil que não fuma» e que «usa essa santíssima superioridade para oprimir ou incomodar os prevaricadores que fumam».
Algo tão patético, provindo de alguém que é capaz de pensar, só devido a um ataque de raiva perante a frustração antecipada da futura proibição de fumar em espaços públicos. O que é pouco para perder a compostura.