17 março 2006

O «ávido de protagonismo» confessa-se

O juiz-desembargador, Eurico Reis, confessa (Expresso, 11/03/06) a sua santa ignorância acerca do seu métier: de início, «não tinha uma noção muito clara do verdadeiro significado e do papel social da função» que desempenhava; depois, verificou que as coisa ainda eram piores do que pensava porque, se ele não tinha uma noção do que fazia, «a generalidade das pessoas que exerce actividade dentro do sistema», também não tem uma «noção clara do que significa realmente ser juiz, ou advogado ou agente do Ministério Público, ou até quais são os objectivos sociais que esse sistema tem que satisfazer»; ora, diz o sr. juiz-desembargador, ainda há mais, pois, a «deficiência estrutural na formação dos vários profissionais do Foro» é de tal ordem que «esse mal afecta o grosso da comunidade nacional, incluindo os detentores do poder político»; finalmente, afirma Eurico Reis, o panorama torna-se ainda «mais grave porque é a própria sociedade que não sabe o que pode/deve exigir aos seus tribunais». Portanto, nem ele, Eurico Reis, nem os colegas, nem os políticos, nem sequer a própria sociedade, sabem alguma coisa do assunto…
O que é que sobra deste aturado esforço de generalização de ignorância a todos, para além dele próprio, acerca dos tribunais? Que ele nunca descansará, pois, como diz «não sou o único a olhar o céu»…