13 março 2006

Apontamentos de economia 3

A guerra dos subsídios agrícolas e a CAP
O sr. João Machado, presidente CAP, já reivindica um novo ministro da Agricultura (Expresso, 11/03/06). A razão para uma espécie de «declaração de guerra», e que a CAP, em anúncio publicitário de página inteira, no mesmo jornal, intitula de «Ameaça ambiental», prende-se com isto: «muitos milhares de agricultores cumpriram as normas, estabeleceram compromissos, alteraram as práticas, fizeram investimentos, reduziram as produtividades, aumentaram os custos e foram fiscalizados pelas autoridades competentes». Aqui há do mesmo e do seu contrário: «reduziram a produtividade» e «aumentaram os custos»?! Como é que é possível ter esta duas coisas ao mesmo tempo, é que seria bom que fosse explicado. E João Machado fá-lo assim: «a política agrícola comum (PAC) prevê que os agricultores possam não produzir desde que cumpram as regras que estão definidas», e esclarece que a CAP esteve contra esta decisão de subsidiar a não produção, mas já que foi aprovado assim, então, as regras são para cumprir. Parece que não passa pela cabeça de João Machado que as regras sejam alteradas. Depois, parece-lhe natural que tudo assim seja, que, por enormidades inexplicáveis, se pague a agricultores para fazerem o contrário daquilo que é a natureza do seu trabalho, a de produzirem. Pagos para não produzirem! E a CAP reclama que o ministro queira acabar com esta situação, ou, pelo menos, não queira pagar tanto quanto os srs. agricultores acham justo pelo seu não trabalho. Provavelmente, esta até é uma guerra bem comprada pelo ministro.