O dia mais longo de Vasco Rato
Vasco Rato conta (revista DIAD, 6/02/06) que o seu dia mais longo foi aquele em que, na Albânia, se viu ameaçado com uma metralhadora apontada à cabeça. O absurdo da situação era que Vasco Rato e companheiros (um fotógrafo e um guia local) foram acusados de comunistas. Diz ele que se «lembra de pensar que era surreal, morrer por pensarem que era comunista». Ele, uma pessoa de direita, apercebe-se, naquele momento, da ironia que era morrer comunista, como uma pessoa de esquerda. Não morreu nem sendo da direita nem sendo da esquerda, e ainda bem. Mas não deixa de ter a sua perplexidade pensar-se no incómodo que causa a possibilidade de morrer por causa de uma troca de identidade, no caso, política, e por outro lado, morrer com essa identidade trocada. Como se naquele momento de extrema intensidade dramática, no qual a vida se jogava, fosse importante esclarecer essa identidade e não morrer enganado. Sobretudo, não deixar que se enganassem, pois, disso dependia a sua vida.
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