18 abril 2006

Impressões

Há deputados portugueses que, a «título pessoal», não justificarão a falta da 4.ª-feira fatídica. Se isto não é má consciência, andará lá perto, porque, se de facto não faltaram, ou melhor, se faltaram devido a outro tipo de trabalho, noutro lado, o que é que os impede de procederem normalmente, isto é, de justificarem a sua ausência com o «trabalho político»? O problema é outro: trata-se de, com esperteza, duplicar a «injustiça» e, assim, fazer anular a primeira com a segunda: se não faltei e marcam-me falta, então não justifico, e com esta «injustiça» cometida sobre mim, anulo a «injustiça» que cometi ao faltar. A opinião pública sabe que sou uma pessoa de honra e que nunca cometeria uma injustiça destas…

A Polícia Judiciária fez greve. E um estranho silêncio se fez no país. Desta vez, os governantes desapareceram das televisões. Os jornalistas ao serviço da moralidade da República calaram-se. Se nem sempre calar é sinónimo de consentir, o que será desta vez?

Em contrapartida, os professores «deslocados» por doença, que segundo alguns daqueles srs. jornalistas, nada fazem e ganham muito, receberam ordem de regresso, no início do 3.º período escolar, às suas escolas de origem, porque a sua «deslocação» não está devidamente regulamentada. Poder-se-ia perguntar se não há piedade, mas a pergunta mais correcta é: não há ninguém com miolos naquela 5 de Outubro?