20 abril 2006

Apontamentos de economia 5

O preço do petróleo voltou a subir. Dizem os «analistas» que tal aumento é devido à crise iraniana sobre a questão nuclear. É certo que as ameaças de ambos os lados têm vindo a subir de tom, sobretudo dos EUA que dizem que vão lá e mordem, e do louco do presidente iraniano que diz que se lhe tocam, morde. E o preço do petróleo sobe! E a ideia veiculada é sempre a mesma, que é por causa da crise do nuclear iraniano, da ameaça de guerra, que é a «instabilidade que afecta os mercados», a «volatilidade» dos preços devido à pressão da comunidade internacional sobre o Iraque, tudo numa estranha relação de causalidade, onde tudo é claro, incluindo os lucros gigantescos que as petrolíferas têm e outro tanto para os especuladores, excepto esse efeito, o aumento do preço, ser derivado dessa causa, a crise nuclear iraniana. Não aumentou a procura, nem caíram as primeiras bombas, a guerra nem começou, e sobe o preço do petróleo!
E se o Irão resolve mesmo retaliar com a sua maior arma, que é o petróleo, e, após cair a primeira bomba sobre a sua central nuclear, boicotar a venda do seu petróleo nos mercados internacionais, como é que será? O petróleo passará a ser um luxo e daqui a uns tempos, andar de automóvel custará os olhos da cara. Mas que, entretanto, alguns predadores das «praças financeiras» terão, e continuarão a ter, feito fortunas, disso não há dúvida.
O mais impressionante desta história é como nós, seres racionais, nos habituamos a viver num sistema económico destes em que uma simples ameaça provoca uma tempestade financeira e ganhos assombrosos para os especuladores, mesmo que isso prejudique as economias de múltiplos países e afecte a vida de milhões de pessoas. O capitalismo é deveras assombroso…