24 maio 2007

SPGL e as razões para aderir à próxima greve

A «Direcção do SPGL» (Sindicato dos Professores ligado à Frenprof, agora dirigida por um sindicalista do PCP – o que não deveria ser importante, mas que no caso até é) fez publicar a sua propaganda, em que expressa a adesão à próxima greve geral, através de um anúncio que apresenta estas razões: 1. «gritantes retrocessos nos direitos laborais dos professores e educadores»; 2. «destruição da carreira docente» e consequente «desvalorização do trabalho directo com os alunos»; 3. um «pacote»: «aposentação», «roubo» na «progressão de carreira», «desemprego»; 4. «execrável campanha contra os docentes e contra a sua profissão», incluindo a denúncia de que «responsáveis do ME» acusam «os professores» de não se preocuparem «com as crianças».
De facto, esta de «responsáveis do ME» acusarem os professores de não ligarem às criancinhas não lembra ao diabo e, só por si, justificava uma boa greve, de modo a que tais «responsáveis» jamais se atrevessem a pronunciar tais baixezas… Mas não basta, é preciso mais, e aí estão razões em catadupa. O que é estranho é que cada uma delas é tão mais grave que a outra, e cada uma, outra justificação para greves sucessivas, que chega a surpreender como é que os professores andam tão sossegados e não se manifestam todos os dias e não estão em greve dia sim e dia não. Uma destas razões encerra uma contradição insanável: por um lado, diz-se que as novas carreiras com «professores titulares» à mistura, não prestam e é preciso acabar com elas, mas, por outro, denuncia-se também o ME por não permitir que a maior parte dos professores não se possa candidatar a essa mesma carreira de «professor titular» que está a mais! Pois, enquanto existir até pode dar jeito concorrer por ela, mesmo que se esteja contra ela…
Finalmente, «É pois urgente mudar de rumo» é uma palavra de ordem tão interessante como qualquer outra, mas já não é tão interessante e tão normal que essa palavra de ordem seja decalcada das que são usadas pelo matraquear da propaganda do PCP, quando reivindica a mudança de rumo da política do governo PS. Coincidências? Pois, como a de o dirigente da Frenprof ser militante do PCP, o que não é importante, mas que se torna importantíssimo quando esta estrutura sindical papagueia, em parte, os objectivos políticos do PCP.