04 março 2007

Horário do comércio e horário dos museus

Há uma discussão em curso sobre os horários do comércio e mais uma vez reaparece o conflito entre os interesses dos «pequenos comerciantes» e os das chamadas «grandes superfícies». O que mais uma vez este conflito esconde é a inaptidão quase congénita de se abrirem os olhos mesmo durante a noite, isto é, a incapacidade de, quer uns quer outras, abrirem as portas e encerrarem-nas quando quiserem, desde que cumpram as regras do jogo e paguem as custas necessárias. O que nos grandes centros urbanos já é mais do que justificado: é imperioso. Senão, parece que se continua a viver com o horário de sol a sol, portanto, um horário do tempo da agricultura como actividade económica predominante.
A mesma tacanhez provinciana consegue prevalecer na órbita dos museus, obrigando-os a encerrarem por volta das 18-19 horas, como se a partir desta hora mais ninguém devesse ter o direito de ir a um museu. Ou se frequenta um museu entre as 9-10 horas até as 18-19 horas, ou não se frequenta, como se as 24 horas de um dia, para os museus portugueses, terminassem ali, às 18-19! Espantoso. Se há, na política cultural do país, alguma coisa de incompreensível e simultaneamente de escandaloso, esta situação típica do horário de funcionamento dos museus é concerteza uma delas.