09 janeiro 2007

A segunda invasão do Iraque e outras notas

1. Será pertinente discutir as fronteiras da Europa? Tem de ser, por muito que não seja conveniente discutir esse assunto, e sobretudo chegar a alguma conclusão. Mas quando a Europa for capaz de dizer que aquilo que ela é, vai daqui até ali e não mais nem menos, que não interessa mais, que não quer mais, isso significará então que a Europa atingiu a maturidade, isto é, que se transformou naquilo que tem de ser.
2. O petróleo da Rússia deixa os países europeus mais dependentes dele num estado de alvoroço pela fraqueza que essa dependência mostra à saciedade. Nada no entanto comparável ao alvoroço que o plano da Comissão Europeia para uma política energética da União provocou quando o Presidente da Comissão apresentou esse plano a Bush, considerando-o como «uma nova revolução industrial». Só a pomposidade e o peso histórico de uma «revolução industrial» destas basta para ser perceptível o real significado das mudanças que um plano destes trará para a o uso da energia na Europa e quiçá no mundo… Durão Barroso está à frente desta Comissão.
3. Por todo o mundo consuma-se a ofensiva mediática sobre o que a Administração Bush fará no Iraque para resolver o «problema do Iraque»: reforçar as tropas invasoras a tal ponto que parece que estão a invadir pela primeira vez o mesmo território: mais soldados, mais soldados, milhares de soldados até que Bagdad acorde com um soldado norte-americano em cada esquina e as «zonas verdes» floresçam por todo os seus recantos…; segundo esta versão mediaticamente preparada e empolada, os «neocons» regressam em força fazendo com que os «primitivos» neocons sejam vistos como uma guarda-avançada que, depois de prestar o seu serviço à pátria, é substituída pelos outros porventura ainda «melhores» que os primeiros, o que é provado pela teimosia com que esta segunda vaga (de «neocons»), que agora vai influenciar a Administração Bush, sempre, «sempre»!, defendeu que a estratégia era outra, a de agora, a da segunda invasão, a de meter soldados norte-americanos em tudo o que é sítio, a de reintegrar os soldados baasistas (apenas tinham sido integrados alguns quadros superiores…), os funcionários baasistas, os quadros baasistas, numa palavra, reintegrar qualquer sunita que possa contribuir para mostrar como tudo pode ser gente «unida» em redor dos interesses norte-americanos e muita fé em Deus (se ele existir). Amanhã, Bush dirá da sua justiça, numa quarta-feira que passará a ser de cinzas. Muito antes do Carnaval.
É a guerra! Dizem os que não estão de má-fé.