16 novembro 2006

Multiculturalidade nos hospitais e afins.

O 3.º Seminário Saúde e Educação - Intervir em Saúde em Contextos Migratórios serviu para equacionar a prática religiosa nas unidades de saúde, hospitais e outras. Para Maria Cristina Santinho, a «saúde e o bem estar das pessoas passa também pelo fomento de uma cultura da saúde adaptada à espiritualidade de cada um». Parece ser um princípio que pela sua bondade não deveria levantar qualquer problema. Mas, infelizmente, a experiência desmente essa bondade. Agora, de mansinho, fala-se em apressar o enterro de um corpo, como se não existissem regras, inclusive de ordem médica, para preceder aos funerais; fala-se do acompanhamento espiritual fora das horas de visita, como se os horários fossem um entrave e não tivessem qualquer papel na gestão e controlo das pessoas dentro de um hospital ou de outra unidade de saúde; fala-se da alimentação que pode não ser consentânea com determinadas dietas, como se estas especificidades devessem constar no menu das unidades hospitalares e outras unidades de saúde; fala-se da impossibilidade de aceitar sangue, como se as decisões sobre a vida fossem dependentes da religião de cada um; etc, etc. Depois, querer-se-á médicas escolhidas pelas doentes, menus de degustação, controlo dos actos médicos pelo doente ou representante, e todas as particularidades que a multiculturalidade alimentará democraticamente. Não há outras preocupações na humanização destes locais?