08 setembro 2006

Ser papista na actualidade I

Ser papista na actualidade I

A tese de que os «extremistas» de direita e de esquerda, na falta de outra causa melhor, procuram as suas novas causas no Islão fundamentalista, é pós-moderna no seu próprio enunciado: tudo misturado, agitado como num shaker, e aí está o cocktail explosivo com um novo rótulo, «Somo todos do Hezbollah». Di-lo Rui Ramos no seu artigo «Hoje somos todos do Hezbollah» (Público, 6/9/06), ideia que contrapõe, na sua actualidade, à ideia de que éramos todos americanos ainda há alguns anos. Para ele, «Chegou a altura de os jornais e as revistas começarem a pingar sabedoria sobre «erros», a começar pela remoção [«remoção»?!] de Saddam Hussein em 2003, que teriam comprometido a suposta harmonia pró-americana de Setembro de 2001. Em toda esta história, há, de facto, um erro: o de pressupor que é possível suspender as nossas desavenças políticas, mesmo em nome de qualquer coisa como a defesa da civilização ocidental.»
Nem mais a propósito, José Manuel Fernandes, “Investigar ou culpar”, 6/9/06, querendo distinguir entre a investigação dos voos da CIA e a atribuição de «culpas» aos EUA sobre os voos clandestinos que, entre outras coisas terão levado prisioneiros para Guantánamo, considera «por exemplo, que os Estados Unidos cometeram erros graves na forma como têm vindo a combater o terrorismo», condena «os abusos cometidos nalgumas prisões» e discorda da «existência do centro de detenção [«centro de detenção»?!] de Guantánamo». De um momento para outro, cá está JMF a reconhecer os «erros», o que Rui Ramos considera ser típico do tempo de outro «erro», o de se acreditar «é possível suspender as nossas desavenças políticas, mesmo em nome de qualquer coisa como a defesa da civilização ocidental».