19 setembro 2006

O caso Maria Filomena Mónica

A questão é: quem é que se sujeitaria a uma entrevista virada para a «avaliação física» dos políticos, «apontando-lhes qualidades e defeitos, lançando farpas»? A resposta de José Fialho Gouveia é uma boa resposta: Maria Filomena Mónica. Porquê? Porque ela já tem currículo na matéria, feito não à custa dos outros, mas à custa de si própria, e pode, portanto, para aquela entrevista, «inspirar-se em si própria», tal como a «sua polémica autobiografia» inspira o jornalista. A escolha para um desafio destes não recai, portanto, sobre uma figura da socialte, mas sobre alguém que é suposto estar exactamente nos antípodas deste tipo de gente, e que, em princípio, forneceria outro género de argumentos. Pois. Filomena Mónica, escudando-se na tradição anglo-saxónica (naquela ideia de que na Inglaterra é que é bom, é que se faz, é que se tem…, etc.), desata o nó górdio vestindo a pele de Maya, qual astróloga a divagar sobre os planetas, e à volta do adultério e das relações, em geral, dos políticos com as mulheres, constrói uma manta de banalidades e de maledicência em que, daquilo que diz, o que é mais surpreendente é exactamente pensar-se ao que as pessoas são capazes de se sujeitarem. E Filomena Mónica nem precisa de «aparecer» nos jornais desta maneira, dada a frequência com que escreve para tudo o que seja imprensa escrita. Possivelmente, nem «sujeição» haverá, pois, com o seu espírito livre que sujeição a amarraria a compromissos que não fossem aqueles que ela quereria assumir? O que remete para a questão inicial: o que faz correr Filomena Mónica?