08 junho 2007

Notas entretanto ultrapassadas

1. O sr. Provedor do jornal ‘P’ não deverá ficar a aquecer o lugar durante muito tempo. A forma como exerce o seu cargo, com perfeita autonomia e com a autoridade de quem se encontra bem informado e por dentro dos bastidores do jornalismo, permite-lhe dar raspanetes aos jornalistas e ao ‘P’, que, por vezes, tornam-no no primeiro e mais autêntico crítico dessa obra de referência em que pouco a pouco o jornal se tem tornado. Quanto tempo resistirá?
2. O Ministério da Educação diz que irá encerrar 900 escolas e não 1300 como foi divulgado. O truque retórico funciona para quem estiver desprevenido: primeiro, quando se passa de 1300 para 900, passa-se a discutir a diferença de números em vez de se discutir o mais importante que é o sentido e as razões do encerramento de um número apreciável de escolas, sejam 900 ou 1300; segundo, aquele que tem sido o mais utilizado truque deste governo desde que entrou em funções, e que consiste em apresentar as suas medidas, provindas não se sabe aparentemente de onde, com o pior cenário possível (neste caso, encerrar 1300 escolas) para, depois de manifestadas as reacções geralmente negativas sobre tamanho exagero, emendar a mão e aparecer, qual paladino, a garantir que nunca essa hipótese tinha sido levantada, ou se o foi, foi mal interpretada, e que o governo tem perfeita consciência das dificuldades, blá, blá…, e, portanto, o número correcto é aquele, o de 900 escolas e não aquele, o de 1300, que a oposição tão levianamente atirou para confundir a opinião pública. Grande sentido do uso da Retórica, demagogia a granel e controlo profissional da relação com os média, quando não goza ou usa da sua cumplicidade
3. O camelo da JSD parece ter sido uma brincadeira de mau gosto como resposta à linguagem desabrida do Ministro Mário Lino. Pelo que indicia, pela sua esperteza subtil e simbolismo bacoco, não há dúvidas acerca da superior formação que as novas gerações que se preparam para tomarem o poder são portadoras.