Nem só os deputados chegam do nevoeiro
Alguns jornalistas continuam a alertar para a letargia em que se encontravam os deputados quando foi aprovada pela Assembleia da República a lei que proíbe a publicação de escutas telefónicas. Mas não é apenas esta lassidão por parte dos deputados que motiva o alerta do director do ‘P’, pois, ele descortina que esta inconsciência foi aproveitada de «forma traiçoeira e dissimulada» pela «actual maioria» que, assim, aproveitando-se perversamente da dormência dos srs. deputados fez aprovar com evidente «má-fé» o que os srs. deputados não aprovariam se estivessem em estado de vigília, atentos à ordem do dia, conscientes dos diplomas que votam e, naturalmente, avisados pelos jornalistas da malícia que estavam a deixar passar… Tudo isto, acrescenta, pode fazer parte de «agendas inconfessáveis» que convém prevenir. E é para isso naturalmente que os jornalistas podem servir, desde que a sua acção seja julgada pelos próprios e não por quem não percebe nada do assunto, pois, é fácil de ver que os advogados avaliam-se a si próprios, que os professores avaliam-se a si próprios, que os médicos avaliam-se também a si próprios tal como os políticos e por aí fora. Só não se percebe é por que quereriam que os jornalistas ainda estivessem sujeitos a uma avaliação não por pares mas por gente de uma comissão qualquer. É óbvio que tamanho controlo será o mesmo que a «actual maioria» exerce sobre os deputados, anestesiando de igual forma também os jornalistas de modo a pô-los a escreverem o que não querem tal como os deputados aprovam leis sem ler os diplomas em causa. Qual «diabo» se lembraria de uma coisa destas?!
Parece que tudo se inclina para que alguém diga de alguns jornalistas o que disseram de alguns deputados: «parecem escolhidos numa noite de nevoeiro».
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