03 outubro 2007

Mercenários em Bagdad?

O presidente da Blackwater, uma das várias empresas que, no conjunto, têm tantos ou mais homens no Iraque do que o próprio exército oficial dos norte-americanos, acossado pela investigação no Congresso, terá dito que os mercenários da Blackwater não são propriamente mercenários: «Temos americanos que trabalham para a América a proteger americanos. Isso contrasta com a definição do dicionário Oxford: "soldados profissionais que trabalham para um governo estrangeiro"». Para o sr. Prince, o presidente da Blackwater, Bagdad e arredores são ainda parte do quintal dos EUA e, consequentemente, trabalhar para a «América» em solo iraquiano é a mesma coisa que apanhar flores e disparar uns tiros para não deixar as armas caseiras enferrujar… Nada que nos espante sabida como é péssima a classificação que os norte-americanos têm em matéria de conhecimentos de geografia: confundem o mundo com o mundo, sendo que o seu mundo é na realidade os EUA.
Nada de anormal. Se o sr. Prince soubesse que num canto desse mundo, em Portugal, tinha havido quem confundisse a invasão do Iraque com a festa de libertação proporcionada pelo 25 de Abril, também diria que no dicionário dos actuais responsáveis da Casa Branca se define invasão como libertação, desde que se acrescente as palavras salvíficas: democracia e valores ocidentais.